Todos temos os nossos ídolos, que nos inspiram na hora de criar uma empresa ou um serviço de freelancer. São eles que nos fazem pensar um pouco fora da caixa e acreditar que um dia chegaremos mais longe do que estamos no nosso estado atual. O colega Miguel Lucas explica bem esse conceito no seu artigo “De onde venho, para onde vou. Desejos para o futuro“, no qual ele fala sobre algumas características que deve apostar para conseguir evoluir, tanto a nível pessoal como profissional. Não escondo que grandes nomes como Pete Cashmore ou Tim Ferriss são exemplos que me fazem acreditar que, um dia, também conseguirei fazer algo de diferente no mundo.
Outro dos ídolos que tenho há muitos anos e que nunca falei aqui no blog é Richard Branson. O dono da Virgin é um homem de vários investimentos, que vão da música à fórmula 1, passando pelas viagens espaciais. E é isso mesmo que me cativa nele: a facilidade com que triunfa nas mais diversas áreas de negócio. A ideia para o artigo de hoje surgiu depois de ler um texto do site Entrepeneur, na qual ele é colaborador, e onde deu dicas sobre negócios. Mas não me fico por aqui. Vou ainda dar a conhecer a leitor um pouco da história deste empresário, para que possa perceber um pouco mais sobre o seu percurso.
RICHARD BRANSON: A HISTÓRIA
Este empresário britânico começou a tentar criar o seu negócio desde muito cedo. Com apenas 16 anos, ele fundou a revista Student,que esteve quase a não sair para as bancas por falta de publicidade. Este seu primeiro investimento não teve grande retorno financeiro nos primeiros meses. Contudo, Branson tentava vender publicidade de qualquer das formas. Apesar de trabalhar em casa, ele ligava de telefones públicos a grandes empresas como a Coca-cola e dizia que a Pepsi tinha acabado de fazer uma publicidade na sua revista. Por vezes, a técnica dava certo. Apesar das dificuldades, a Student começou a crescer, principalmente depois dele conseguir entrevistas com Nick Jagger e Bob Marley ou John Lennon.
As vendas, que eram feitas juntamente com o seu sócio, eram realizadas no metro de Londres. Devido à fama que a revista conseguiu e aos preços elevados dos discos na época, Richard Branson pensou em vender discos por reembolso postal, uma ideia de negócio que agradou de imediato. A Student estava a ter mais sucesso do que o esperado, mas mesmo assim o britânico não estava satisfeito. Ele queria alterar o nome da revista. Depois de perguntar sugestões a alguns dos seus colaboradores, um deles respondeu: “Já sei. Que tal Virgin? Somos totalmente virgens em negócios”. E assim nasceu o nome de uma das maiores empresas da história.
A PRIMEIRA LOJA
O negócio parecia estar num bom caminho, mas uma crise nos correios de Inglaterra, obrigou Branson a abrir a primeiro loja. Foi em 1970, e com esse espaço surgiu, pela primeira vez, o conceito de poder ouvir o CD antes de o comprar. Mas o empresário continuava insatisfeito. Por isso, criou a Virgin Records, passando a gravar discos e não apenas a vendê-los. Mas a sua gestão financeira nem sempre foi tão simples como parece. Ele tinha sempre um saldo negativo no banco e conseguia dinheiro um dia antes para pagar os empréstimos.
O primeiro músico a trabalhar nos seus estúdios foi Mike Oldfield, que gravou o disco Tubular Bells, sendo lançado em 1973. O álbum foi um tremendo sucesso e vendeu mais de cinco milhões de exemplares. Em poucos anos, a nova empresa passou a ser uma das maiores empresas discográficos do mundo e começou se envolvendo em outros projetos. Ele abriu mais de cem lojas de músicas, filmes ou livros em 15 países.
A SUA GRANDE CONQUISTA
O seu maior empreendimento aconteceu em 1984, quando fundou a Virgin Atlantic Airways, uma companhia de aviação que ao fim de poucos anos foi considerada a segunda melhor companhia aérea de Inglaterra. Ao fim de alguns meses, já estava voando para países como Estados Unidos, Japão ou África do Sul. Richard Branson apostou nos preços baixos e conseguiu ganhar vários prémios internacionais, entre os quais a da Companhia Aérea do Ano.
Em paralelo à sua vida de empresário, o britânico foi tentando bater alguns recordes mundiais, como o de tentar atravessar o Oceano Atlântico de barco. Além disso, tem ajudado em campanhas humanitárias contra o malefício do tabaco. Depois de saber um pouco sobre a história deste empresário, chegou a hora de saber um pouco mais sobre a opinião de Richard Branson no mundo dos negócios.
1. SER INEXPERIENTE É UMA VANTAGEM
Muitos empresários têm medo de um fator no seu início de carreira: a inexperiência. Eles pensam que por saberem menos do que os concorrentes que estão há mais tempo no mercado, têm uma desvantagem muito grande. Para Richard Branson, este pode ser um ponto a seu favor. “Nos nossos tempos como estudantes, começamos uma centena de negócios sem saber quase nada sobre o mercado. Tínhamos apenas uma pequena noção. A nossa inexperiência sempre permitiu que fizéssemos coisas diferentes das que já existiam. As empresas mais velhas estão condicionadas pela sua história e pelas suas rotinas e nós aproveitávamos isso”.
Para o empresário, a melhor forma de explorar essa falta de conhecimento é tentar encontrar falhas nos seus concorrentes e perceber o que eles não estão fazendo. “O segredo para colmatar a inexperiência é lançar algo novo. Como é que a sua abordagem difere das outras empresas? Como é que você vai chegar aos mercados-alvo? Porque razão as pessoas vão escolher os seus produtos em vez dos seus concorrentes? Procure por parceiros numa indústria cansada e você ganhará o mercado”, explica Branson.
Para o empresário, o principal desafio foi quando começou o seu negócio na indústria de aviação. “Eu não percebia quase nada de aviões. A minha experiência resumia-se a ter viajado como executivo. Eu sabia que a comida era ruim, a diversão não existia, as cadeiras eram desconfortáveis e o serviço era medíocre. Foi nesses pontos fracos que eu agarrei quando comprei o Jato 747 Jumbo em 1984. Peguei nessas dificuldades e melhorei-as na minha companhia”.
2. ESTIMULE O BOM ATENDIMENTO AO CLIENTE
Outro dos pontos que Branson considera essencial para você atingir o sucesso no seus negócio é o bom atendimento ao cliente. Ele destaca que esse tem sido uma das suas principais preocupações em todas as empresas da Virgin. “Eu amo ouvir relatos de boas relações com os clientes. Para que compreendam melhor, vou contar uma história. Uma vez um cliente esqueceu do seu casaco no aeroporto. Um dos meus colaboradores deixou-o descansado, explicando que iria avisar os tripulação que estava em terra para o procurarem e que depois enviariam. Ele estava convencido que jamais iria ver o casaco. Sete horas e meia depois, quando ele chegou a Nova Iorque, um colaborador entregou o casaco mal o cliente saiu do avião. Com certeza ele até hoje fala da nossa empresa e aconselha aos seus amigos. E isso não tem preço”.
3. UMA MARCA FORTE É IMPORTANTE
Das 20 marcas mais poderosas no mundo, a Virgin é a única que se dedicada a nichos de mercados completamente diferentes. Para Branson, esta é uma forma diferente de analisar o mercado, mas que traz grande poder à marca. “A maioria das empresas preocupa-se com o básico: criar um logótipo, ter uma expectativa do cliente ou não cometer erros. Na Virgin nós vamos um pouco além disso. Somos sinceros com os clientes. Falamos sobre as nossas forças mas também as nossa falhas. Por isso podemos jogar um pouco com isso a nosso favor”.
O que o empresário aconselha é que esteja o mais próximo possível com os seus clientes. Que fuja um pouco àquela tendência de manter uma imagem empresarial e esquecer a vertente humana. Ele também alerta para terem o cuidado de definirem o que a sua marca significa. “Saiba quais são as características do seu negócio. Se você não fizer, os seus concorrentes farão isso por você”.
4. LIDERE DE FORMA CORRETA
Para Branson, conseguir ter uma empresa forte é muito mais do que um bom plano de negócios ou uma propaganda eficaz. Para ele, saber liderar as pessoas que trabalham para si é um fator crucial. “O sucesso de empresas como a Virgin é baseado em pessoas motivadas, com visão e com paixão naquilo que estão fazendo. Procuramos líderes com capacidade para ouvir o feedback de clientes e de funcionários. Os nossos CEO’s não se preocupam com o tamanho dos seus escritórios”.
Aprender com os erros é fundamental para este empresário. O bilionário considera que é crucial que os líderes consigam se focar nas coisas bem feitas ao invés de estar o tempo todo criticando os erros. “Em vez de o líder ficar o tempo todo criticando, ele precisa de encontrar coisas positivas todos os dias. Esta cultura de promover os funcionários pelos elogios e pelo reconhecimento começa no topo. Desta forma, ele elimina o medo da falha que está presente, principalmente nos primeiros dias. Quando os erros acontecerem – o que é inevitável – você precisa de aprender com eles, ao invés de ficar pensando o tempo todo no erro. Outra das dicas que posso passar é que não se levem muito a sério. Os funcionários precisam de se divertir no que estão fazendo. Só isso os tornará mais motivados. Por isso, procuramos por pessoas com caráter”.
5. PENSE EM GRANDE
Este empresário britânico alerta para um problema que afeta muitas empresas: o foco apenas no lucro. Para ele, grandes empresários começam a pensar apenas em aumentar os seus ganhos quando os resultados começam a melhorar, esquecendo-se daquilo que o fez chegar até ao topo. “Quando você tem uma ideia, tem de estimular todos para essa ideia, desde o motorista até ao dono da empresa. O problema é que muitos empresários pensam apenas nos ganhos e esquecem o resto. Qualquer que seja o caminho que você está tomando, contrua-o sempre baseado nos passos que o levaram ao sucesso. Esqueça os estereótipos. Uma das grandes vantagens da Virgin é que nós nunca ficamos demasiado burocráticos. Isso permitiu-nos crescer sempre mais e de forma mais rápida. Quando começamos a ser conhecidos pela venda de discos, já estávamos lançando uma companhia aérea”.
6. APRENDA A DELEGAR TAREFAS
Muitos empresários, especialmente os das pequenas empresas, têm medo de delegar tarefas. Eles acham que o funcionário ficará perdendo tempo com interesses pessoais, em vez de trabalhar para a empresa. Segundo Branson, saber delegar é um dos fatores para você conseguir construir uma empresa forte. “Com certeza que grande parte do sucesso da Virgin vem da minha capacidade de delegar e deixar o funcionário cumprir o seu caminho. Provavelmente o dono da empresa será sempre o primeiro a entrar e o último a sair. Isso é algo normal, principalmente ao início. O truque talvez esteja em dar responsabilidade aos seus funcionários. Faça-os sentir que eles são importantes na empresa e dê-lhes metas para cumprir.
Quando um colaborador seu falar sobre ideias de negócio, não se limite a apontar e a fazer perguntas. Deixe-o seguir em frente e ter essa responsabilidade. A partir daí, eles vão aprender melhor e mais rápido. Eu deparei-me com esta verdade quase por acidente. Quando os meus amigos e eu começamos a Student, tínhamos pouca experiência empresarial. Se alguém queria fazer algo, ia lá e fazia, sem problemas. Alguns anos depois, quando a empresa se aproximou dos 100 funcionários, eu comecei a temer que começássemos a ficar pesados demais. Então eu dividi a empresa em metade. Da próxima vez que ela chegou a esse número, eu voltei a fazer o mesmo. Esta política mantinha os nossos negócios com fome e facilmente adaptáveis.
Na Virgin gosto de promover funcionários que tenham garra e determinação. Não importa se são muito novos. Tudo o que tenho de garantir é que eles tenham apoio nos seus projetos. Ao dar aos empregados a confiança para desenvolver uma ideia, você terá mais tempo para cuidar de si, da família e dos amigos.”
7. COMO IDENTIFICAR BONS INVESTIDORES
Para quem está iniciando uma pequena startup, por exemplo, sabe o quando é difícil conseguir investidores de confiança. Na opinião do britânico, o mais importante é encontrar pessoas que lhe dêem espaço para trabalhar. “Sempre tentei ser o mais independente possível. Ao início, tentei sempre gerir a empresa com o dinheiro que íamos ganhando. Mas com o passar dos anos, as parcerias com investidores têm crescido. Uma das dicas que lhe possa dar é que não se concentre apenas no capital que você precisa. Foque-se no espaço que essa pessoa ou grupo vai dar para trabalhar. Não se esqueça que um parceiro demasiado rígido termina com o espírito entusiasta de uma empresa que esteja no seu início. Os melhores investidores são aqueles que ficam apenas com uma participação minoritária e fornecem apoio, deixam-nos gerir o negócio e contratar funcionários-chave”.
8. MANTENHA O CONTATO
Quando uma empresa cresce, o número de funcionários e o número de tarefas evoluem na mesma proporção. Com isso, é normal que o contato mais próximo com as outras pessoas vá desaparecendo. Mas para Branson, este é um erro que você deve ter muito cuidado para não cometer. “A maioria dos empregados tem tendência a minimizar as más notícias em frente dos CEO’s, falando apenas da evolução positiva da empresa. Mas isso obriga os gestores a tentarem encontrar os erros de outras formas. Isso apenas acontece porque os donos das empresas, perdem o contato com os seus funcionários. Jamais perca o contato. Tente saber o que eles estão fazendo no dia-a-dia. Só assim poderá entender os problemas deles e falar de forma direta”.
Estes foram alguns das dicas que Richard Branson deu ao longo do tempo e que podem ser utilizadas, tanto por freelancers como por empresários que estejam começando o seu negócio. Se você está procurando por inspiração para iniciar o seu próprio negócio, com certeza este britânico pode ser uma excelente ajuda. Para terminar, deixo aqui dez frases ditas por ele que explicam, de certa forma, a sua maneira de pensar:
“Iates, jatinhos particulares e grandes limusines não farão com que as pessoas aproveitem mais as suas vidas”
“Eu aproveito cada minuto da minha vida”
“A maioria das razões para se stressar não são sequer dignas de stress”
“Você não consegue ser um bom líder sem gostar de pessoas. É assim que você tira o que há de melhor nelas”
“Não existe uma só pessoa para seguir ou copiar”
“Posso admitir com honestidade que nunca entrei em um negócio puramente para ganhar dinheiro. Se esse for o seu único motivo, então acredito que seja melhor não fazer nada”
“Nunca tive a intenção de ser um empreendedor”
“Eu cometi e aprendi com muitos erros”
“Se você conseguir viver a sua paixão, a vida será muito mais interessante do que se você estiver apenas trabalhando”
“No momento eu sou feliz por estar vivo e ter tomado um bom e longo banho”
E você, já conhecia o Richard Branson? O que achou das dicas deste empresário?
Abraço