Dormir depois do almoço é um hábito que tem sido utilizado por vários países e regiões, principalmente em locais mais quentes, nos quais era (e é) praticamente impossível trabalhar nas horas de maior calor. Gênios como Albert Einstein ou Leronardo Da Vinci eram autênticos fãs de um descanso após o almoço. Mas até que ponto isso será benéfico para a produtividade do trabalhador? Ou seja: será que um freelancer deve aproveitar o fato de trabalhar em casa para descansar um pouco depois do almoço?
Uma coisa parece ser certa: dormir menos diminui a concentração e aumenta as chances de você perder o foco no seu trabalho. Vários estudos indicam isso (clique aqui para ter acesso à própria Sleep Foundation e comprove alguns dos seus estudos). O tempo que o trabalhador ganha ao dormir menos acabará por ser perdido com a falta de concentração durante o dia. Já existiram meses em que eu dormia menos com o intuito de aumentar a produtividade e acreditem que não valeu a pena o esforço.
BENEFÍCIOS EM DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO
Antes de escrever este artigo pesquisei por vários estudos sobre o tema e todos eles parecem ser unânimes sobre alguns fatores. Em primeiro lugar, dormir aumenta a criatividade, o desempenho da memória e as funções cognitivas. O segundo ponto que vários estudos realçam é que a necessidade de dormir oito horas seguidas é algo muito recente. Na China, por exemplo, os trabalhadores costumam dormir uma hora depois do almoço enquanto na Índia e em Espanha o cochilo de meia-hora é algo muito comum.
“Um estudo realizado a mais de 20 mil trabalhadores gregos durante mais de seis anos revelou que os participantes que dormiram depois do almoço durante três dias por semana tiveram menos 37% de chances de terem um ataque cardíaco do que os restantes intervenientes no teste”.
BENEFÍCIOS PARA A MEMÓRIA
Se você sente que o seu cérebro tem dificuldades em decorar ou guardar informação, talvez seja o momento certo para você começar a experimentar alguns cochilos depois do almoço. Neste estudo, vários participantes foram obrigados a decorarem cartões ilustrados, com o intuito de perceberem se as pessoas que dormiam uma sesta tinham uma melhor capacidade de memorização. Um grupo dormiu, diariamente, 40 minutos depois do almoço enquanto o outro foi diretamente para o trabalho.
Para surpresa de muitos, o grupo que dormiu conseguiu acertar em 85% das perguntas enquanto o grupo que não dormiu teve maiores dificuldades de memorização e ficou-se pelos 60%.
O que esses mesmos estudos serviram para explicar que a memória mais curta fica localizada no hipocampo, uma zona muito frágil e que leva ao esquecimento de uma forma muito fácil. Porém, dormir depois do almoço faz com que o cérebro transfira essa informação para o Neocórtex, uma área dedicada à memória mais permanente.
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BENEFÍCIOS PARA A APRENDIZAGEM
Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia pediu aos participantes para completarem uma tarefa desafiadora e que exigia um grande número de informações. Essa mesma tarefa foi realizada ao meio-dia. Por volta das 14 horas, metade dessas pessoas foram dormir enquanto as restantes continuaram a trabalhar. Às seis da tarde os investigadores realizaram outros exercícios. Os estudos comprovavam o que já se esperava: os participantes que dormiram aprenderam mais rápido do que aqueles que tiveram acordados o dia todo.
Matthew Walker, principal investigador do estudo, voltou a falar mais uma vez da “importância de dormir” depois do almoço de forma a transferir toda a informação da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. A mesma equipa já tinha realizado um estudo anteriormente com estudantes, no qual eles comprovaram que estudar durante a noite para uma prova do dia seguinte diminui em 40% a capacidade do cérebro conseguir guardar a informação. Para Walker, o que o cérebro faz é “mover a informação” para outra pasta do nosso cérebro.
EVITA O ESGOTAMENTO
O excesso de informação a que somos expostos diariamente provoca muitas vezes a sensação de que o nosso cérebro está repleto de informação. Porém, esse problema pode ser resolvido com uma simples dormida antes do trabalho da tarde. Quem o confirma é o estudo realizado pela Universidade de Massachusetts.
“Vários estudantes ficaram sem dormir e depois foram obrigados a visualizarem vídeos com barras horizontais. Porém, em alguns momentos desses vídeos apareciam barras diagonais no canto esquerdo da tela. Em todos os vídeos, os jovens eram obrigados a dizer quais eram as barras diagonais e quais eram as horizontais. O objetivo do estudo foi verificar quanto tempo tinha que durar cada vídeo de forma a que os estudantes respondessem corretamente a 80% das perguntas, tentando assim verificar o tempo de resposta do cérebro. Como seria de esperar, a privação do sono levou a respostas mais lentas”.
Outro estudo também demonstrou que uma dormida depois do almoço que dure entre 60 a 90 minutos pode equivaler a uma noite de sono, melhorando bastante a capacidade visual. Segundo o professor Leon Lack, da Universidade de Flinders, o cochilo melhora a desempenho, os sentimentos de alerta e a atenção aos pormenores. E essa melhoria pode ser sentida durante duas a três horas depois do cochilo. Para este especialista, o tempo ideal para dormir é entre 10 a 15 minutos, sendo que mais do que isso pode deixar a pessoa demasiado sonolenta.
O QUE ACONTECE AO NOSSO CÉREBRO?
Em primeiro lugar, é necessário perceber que o lado direito do cérebro é muito mais ativo durante a dormida em comparação com o lado esquerdo. Andrei Medvedev, autor deste estudo, comprovou que durante o sono do lado direito do cérebro faz a “limpeza”, passando a informação para a parte do cérebro que retêm a informação de longo prazo (a esquerda).
Para comprovar isso, Medvedev realizou em alguns voluntários uma espectroscopia de infravermelho, que envolve a colocação de fibras óticas semelhantes aos eletrodos em redor do couro cabeludo. O intuito era verificar o fluxo de informação que era passado dentro do próprio cérebro durante o sono. Durante o estudo, o investigador conseguiu comprovar que o lado direito fazia a limpeza das áreas de armazenamento temporário, empurrando a informação de longo prazo e solidificando as memórias.
COMO CONSEGUIR UM BOM COCHILO!
Se você ficou entusiasmado com a ideia de dormir um pouco depois do almoço, tenha em atenção que nem todos os tipos de cochilos têm a mesma performance no seu cérebro. Vejamos algumas dicas que podem ajudá-lo nesse momento:
1. Saiba quanto tempo você demora para começar a dormir
É difícil sabermos quanto tempo levamos para começar a dormir, até porque isso depende de inúmeros fatores, mas certamente dá para ter uma média do tempo que o nosso corpo demora para “desligar um pouco”. Uma boa estratégia é colocar esse tempo a mais no seu cochilo. Se você demora dez minutos para dormir e quer tirar um cochilo de 15 minutos, o melhor é reservar 25 minutos depois do almoço para descansar.
2. Não durma demasiado
Este é um erro muito comum e que acaba tornando menos positiva a experiência de dormir depois do almoço. Certamente você já acordou com aquela sensação de cansaço e de preguiça. Isso acontece porque você dormiu demasiado depois do almoço. E isso os médicos chamam a “inércia do sono“. O sono divide-se em círculos e a partir do momento que você dorme largos minutos a tendência é você entrar em outra fase do seu sono, o que não traz benefícios tão diretos para a sua produtividade.
Segundo a médica Sara C. Mednick, criadora deste estudo, os níveis de sangue no cérebro diminuem quando você entra num novo ciclo de sono e daí ser tão difícil voltar a trabalhar quando dorme demasiado. É um choque elevado para o cérebro. Um dos segredos é beber uma boa dose de café depois de um cochilo de 15 a 20 minutos, ficando mais ativo de uma forma muito mais rápida.
3. Escolha o melhor momento do dia para dormir
Lembra-se de termos falado que você não deve focar nas oito horas de trabalho e sim na qualidade do seu trabalho? Pois é, pelo que parece esse princípio também se aplica à famosa “siesta”. Ou seja, aproveite para dormir um pouco naqueles momentos em que os seus níveis de energia estão mais baixos e guarde os momentos mais produtivos para produzir mais. Uma das empresas que incentiva muito esse tipo de atitude é justamente o Google, que tem um local próprio para os seus funcionários dormirem um pouco, como mostramos na imagem abaixo.
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4. Experimente
Desde muito novo que sempre gostei de dormir depois do almoço, apesar de não conseguir fazê-lo sempre devido à correria do dia-a-dia. Mas sempre que posso – especialmente durante o final da semana quando o trabalho acalma um pouco – gosto de dormir um pouco no final do almoço. Porém, necessitei de realizar várias experiência para entender como poderia tirar melhor partido do cochilo. Dessa forma, consegui perceber que nos dias de maior trabalho não vale a pena fazê-lo, pois fico irritado por ter dormindo enquanto tenho muito trabalho para fazer; outro pormenor que percebi foi que descansos demasiado longos também me deixem irritado e com o meu cérebro demasiado lento.
Por isso o meu conselho é que teste muito antes de fazer qualquer avaliação sobre a “siesta”. Altere o momento do dia, a duração ou mesmo os dias da semana.
5. Seja discreto
Se você trabalhar numa agência ou numa empresa o fato de dormir em cima da mesa talvez não seja algo muito positivo e pode ser até encarado como desleixo da sua parte. O meu conselho é que aproveite a sua hora de almoço para descansar um pouco no seu carro ou em algum local longe dos olhares dos seus colegas de trabalho.
GÊNIOS QUE GOSTAVAM DE DORMIR UM POUCO DEPOIS DO ALMOÇO
Se você mesmo assim não acredita que dormir depois do almoço pode ser benéfico e que, pelo contrário, trabalhar muitas horas é que vai trazer grandes resultados, confira alguns gênios que adoravam dar aquele cochilo depois do almoço:
- Leonardo Da Vinci
- Napoleão
- Thomas Edison
- John F. Kennedy
- Ronald Reagan
- Winston Churchill’s
- Salvador Dali
- Albert Einstein
E você, costuma dormir um pouco depois do almoço? E quais são os seus motivos? Espero contar com a participação de vocês para que possamos trocar ideias sobre este tema!
Abraço,
Luciano Larrossa