Apesar de partilharmos constantemente conteúdo voltado para quem quer ser um freelancer de sucesso, acredito que existem clientes que também necessitem de alguma orientação em termos de métodos de trabalho. Se você é um cliente e não sabe como contratar um freelancer, então este artigo é mesmo para si.

Desde a intenção de contratar um freela até conseguir com que o projeto seja concluído da forma desejada, existe um processo bastante longo. É necessário seguir muitos passos, cumprir alguns princípios mas acima de tudo saber dialogar com o freela, de forma a que a equipe (freela + cliente) consigam chegar a um acordo relativo a inúmeros pormenores. Tendo em conta que o trabalho do profissional autônomo é, na maior parte das vezes, bastante criativo, este diálogo entre os dois intervenientes torna-se ainda mais essencial. Se o cliente visualizar o freela como alguém que apenas recebe ordens, terá chances muito maiores de ter problemas.

Mas antes de você, cliente, sequer pensar em contratar o freela, irá necessitar disto:

FAÇA UMA PROPOSTA COERENTE

O bom relacionamento entre o cliente e o freelancer começa, justamente, na proposta de trabalho. Estamos falando de um simples telefonema, de um proposta num site ou apenas numa proposta realizada num grupo do Facebook. Um pedido eficiente para contratação de um freela permite, desde já, o filtro daqueles profissionais que não interessam. Fazer uma proposta como esta:

Preciso de redator de sites de aplicativos. Interessados é só entrar em contato.

É algo bem diferente de fazer outra como esta:

Procuramos redatores para fazerem reviews de aplicativos para iPad.

O preço pago será de 10 reais por artigo através de PagSeguro.

Necessitamos de três posts por semana.

Para serem consideradas as propostas é OBRIGATÓRIO que enviem um link com um artigo escrito anteriormente. Não precisa de ser relacionado com a área.

A proposta é válida até 20 de setembro

Na primeira proposta, o freela só sabe que o cliente quer textos, nada mais. Isso faz com que todos os redatores entrem em contato. E aí vão receber propostas de redatores freelancers inexperientes, de redatores que não querem trabalhar àquele preço, de redatores que não têm a forma de pagamento que o cliente quer, etc.

Por outro lado na segunda proposta o freela com perfeita noção do:

  • Tema
  • Preço pago
  • Quantidade
  • O que é necessário para participar no projeto
  • Data final para entrega das propostas

Só isso chega? Não, de todo. Este é o primeiro passo e é apenas uma forma de filtrar aqueles que não interessam. Se não fizesse isso acabaria por receber dezenas de propostas e não poderia focar-se naqueles que estão realmente interessados na sua proposta.

Dica: Se você não sabe em que sites conseguir freelancers, aconselho que dê uma olhada no nosso artigo com 30 sites para encontrar trabalho freelancer.

O QUE FAZER A SEGUIR?

O passo seguinte é receber as propostas de todos os freelas e fazer uma primeira filtragem. O meu conselho é que faça uma nova lista com os reais candidatos ao lugar. Normalmente costumam restar quatro ou cinco freelas e a partir daí você pode escolher aquele que vai iniciar o projeto.

E o que fazer com aqueles que você rejeitou?

Nessa situação existem duas opções: Não dizer nada e deixar eles na expetativa ou então dar uma resposta dizendo que já conseguiu uma pessoa para preencher a vaga. Na minha opinião a segunda opção é a mais correta, visto que o freela ficará com a certeza de que não ficará com o job. Por outro, também percebe que uma empresa que recebeu dez mil propostas não quer perder tempo enviando um email para todos. Este passo deixo em consideração com o cliente, pois tanto uma situação como outra são aceitáveis.

Dica: Em muitos jobs os clientes pedem que o freela envie um exemplar do seu trabalho (por exemplo um texto escrito). Se você fizer isso, garanta que responde a todos os freelas. Visto que eles tiveram algum trabalho extra sem receber, é o mínimo que pode (ou deve) ser feito.

UMA CONVERSA PESSOAL AJUDA!

Já escolheu o freela que vai continuar o projeto com você? Ótimo! Agora chegou o momento de falar com ele para acertar outros pormenores. Nessas situações aconselho sempre uma conversa telefónica ou por Skype. Por email podem ficar algumas coisas por dizer e o contato por voz costuma dar uma segurança maior. Porém, aconselho sempre que no final façam um email com todos os pormenores acertados. Procure deixar bem definidos:

  • Os prazos
  • Como os pagamentos vão ser realizados
  • Como vocês vão se comunicar
  • Vão assinar contrato? Quem vai fornecer?
  • O que acontece se algum dos dois desistir a meio do projeto?
  • Quais são as datas de entregas para outros pormenores que não sejam pagamentos?
  • Quanto tempo de resposta vocês vão ter um para o outro?

Caso falte mais algum pormenor que esteja “fora” dos pontos que falei acima, insira ele na sua proposta.

VAMOS TRABALHAR EM EQUIPE?

Com tudo acertado chegou o momento de começar a trabalhar. Você deve estar pensando: “Mas não é só o freela que vai trabalhar?”. Lamento, mas não. Grande parte do sucesso depende do cliente. Nenhum freela consegue dar o melhor de si sem a ajuda do cliente. É você quem sabe o que pretende e como pretende. E ai você pensa de novo: “Ah, então isso quer dizer que eu posso intervir sempre no projeto?”. Sim e não!

Vamos por partes. A participação do cliente é determinante. Porém, o aconselhável é que ele sirva mais como um guia. Muitos freelas não conseguem realizar um bom trabalho porque o cliente pede demasiadas alterações e isso faz com que o projeto final fique pouco profissional.

Apesar de você, cliente, ter uma ideia do que pretende, existem determinadas regras técnicas relacionadas com a profissão que devem ser seguidas. Vou dar apenas dois exemplos, falando de áreas em que eu me sinto mais à vontade para falar: escrita e gestão de redes sociais.

Exemplo 1

Muitos clientes adoram alterar o texto do freela devido a inúmeras razões (SEO, estruturação do texto, etc). O problema surge quando as constantes alterações retiram total sentido ao texto, fazendo com que o trabalho final não represente minimamente aquilo que o freela queria. Nessas situações, o melhor é contratar outro freelancer que esteja disposto a realizar essas mesmas alterações e que não esteja nem aí para a qualidade final do seu trabalho.

Outra possibilidade (a mais aconselhável), é que tente compreender a estratégia do freela e procure chegar a um acordo, de forma a que as duas partes consigam sair minimamente satisfeitas.

Exemplo 2

Quando trabalho com cliente na gestão de páginas de Facebook, uma das suas principais preocupações é se a Fan Page ganha muitos ou poucos fãs. Eles não estão nem aí para a interação ou compra de produtos. Eles apenas querem números! O meu papel, enquanto freela, é o de explicar ao cliente que, mais do que conseguir números, é importante criar uma comunidade ou gerar leads através da sua Fan Page.

Outro pormenor muito importante é que o cliente mostre disponibilidade para trocar ideias com o freela. Ficar vários dias sem responder a um email ou não atender as chamadas telefónicas só atrasa o projeto e retira produtividade ao freelancer.

como contratar um freelancer

NÃO DEIXE O FREELANCER DEMASIADO TEMPO “SOZINHO”

Normalmente o cliente e o freela decidem um dia para iniciar o projeto e outro para finalizar. Apesar de teoria parecer perfeita, esta estratégia tem tudo para dar errado. O freelancer necessita de sentir o feedback do cliente, de saber se está no caminho ou de entender se está indo de encontro às expetativas do cliente.

O meu conselho para ser bem sucedido nestas situações é que acompanhe o freela de tempos a tempos. Além das datas inicias e finais, definam também, em conjunto, datas intermediárias para analisar as pequenas etapas do projeto. Se tiver um projeto de três meses, proponha uma reunião curta todas as semanas, por exemplo. Encontros de trinta minutos no Skype normalmente são suficientes para resolver grande parte dos problemas.

Dica: Sei que em muitas áreas o freela e o cliente estão constantemente em contato. Porém, experimente fazer apenas uma reunião por semana de forma a tratar de todos os assuntos apenas uma vez. Para dicas sobre reuniões, confira este e este artigo.

Em situações que o projeto seja um pouco menor (redação de cinco artigos, por exemplo) este tipo de estratégia pode ser deixado de parte.

E CONTRATO? DEVO FAZER CONTRATO?

Esta é uma questão que muitos freelas deixam em comentários: necessito de fazer contrato com os meus clientes? Apesar de ser extremamente aconselhável que o freela e o cliente façam um contrato, também sabemos o quanto isso pode ser burocrático ou até mesmo caro, tendo em conta o tamanho do projeto. A minha dica é a seguinte:

Caso já tenha algum contrato tipo, utilize. Caso vá trabalhar com muitos freelas no futuro, crie um contrato tipo que possa ser usado em outras situações. Caso o projeto seja muito pequeno, talvez não seja necessário. Nessas situações pergunte também ao freela se ele já tem um contrato tipo que vocês possam utilizar nessa situação.

COMO FAÇO OS PAGAMENTOS?

Atualmente existem inúmeras formas do freela definir os pagamentos que vão ser realizados com o cliente. Vejamos algumas delas:

  • Pagamento de 50% logo ao início e os 50% no final do projeto
  • Pagamento em várias prestações se o projeto for muito longo
  • Pagamento total logo ao início (a menos comum)
  • Pagamento total no final (a mais arriscada para o freelancer)
  • Pagamento através de outras plataformas como o freelancer.com

Eu peço que você preste atenção ao último ponto que referimos acima: Utilizar plataformas traz uma maior segurança para ambas as partes. Sites como o freelancer.com trabalham da seguinte maneira:

ciclo entre cliente e freelancer

Este tipo de opção garante que você não perde dinheiro (no caso do freelancer desaparecer a qualquer momento, por exemplo) e também protege o freela, que não ficará sem pagamento de um momento para o outro. No caso de existir algum descontentamento de uma das partes será aberta uma disputa e o próprio site irá definir quem tem razão.

O problema é que grande parte dos freelas não trabalha com este tipo de plataforma, por inúmeras razões. Então, antes de contratar o freela analise os seguintes parâmetros:

  • Histórico
  • Portfólio
  • Se trabalhou com outros clientes que você conheça. Saiba quais são e pergunte por algum feedback do freela
  • Preste bem atenção aos primeiros contatos com o freela. As suas expressões e atitudes costumam dizer muito sobre o profissional

NÃO SE FOQUE DEMASIADO NO PREÇO!

Na hora de contratar um freelancer, os clientes costumam deixar de lado todos os pontos que falei acima e acabam se focando apenas numa coisa: no preço! Esquecem currículo, histórico, experiência, etc e ficam apenas com aquele que cobra menos. Porém, essa opção tem tudo para dar errado e você pode acabar caindo na “teia de um sobrinho”. Se não sabe do que estamos falando o melhor mesmo é dar uma olhada neste artigo onde falamos sobre os sobrinhos e o problemas agregados a eles.

Sem querer descriminar ninguém, a verdade é que escolher pelo preço costumam gerar inúmeros problemas, além de criar uma má reputação do trabalho freelancer. Se você pretende contratar um freela, volto a referir: focar no preço pode ser muito perigoso.

Para saber mais sobre o tema do preço, aconselho que dê uma olhada nestes artigos:

FINAL DO PROJETO

Depois de tudo concluído, chegou o momento de vocês finalizarem a parceria. Nesse momento aconselho que guarde o contato do freela para futuros jobs. Além disso, caso seja possível, permita que ele insira este trabalho no seu portfólio, de forma a ajudá-lo a conseguir mais clientes. Por último, mas não menos importante, quando alguém precisar de um profissional autônomo, lembre-se desse freela que trabalhou com você e recomende ele. Acredite que ele ficará muito contente com a sua recomendação!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espero com este artigo ter conseguido ajudar todos os futuros clientes de freela a conseguirem serem bem sucedidos, independentemente de você ser um jornalista freelancer, tradutor freelancer ou mesmo fotógrafo freelancer . Leia e releia este post, de forma a conseguir criar uma boa relação de longo prazo com esse profissional.

Por outro lado, se você é um freela e gostou do nosso artigo, convido você a fazer duas coisas:

  • Partilhe este nosso texto para que os clientes possam ter uma percepção melhor sobre como é trabalhar com um freelancer
  • Além disso, partilhe também a sua opinião connosco. Faltou algum passo? Existe alguma pormenor que esquecemos?

Conto com a ajuda de vocês pois apenas desta forma é possível tornar o mercado freelancer um pouco mais profissional!

Abraço,

Luciano Larrossa

Masterclass Gestor de Tráfego

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