Há poucos dias, a leitora Raquel Prado (a quem eu agradeço o email enviado), colocou uma questão através do email da Escola Freelancer. Ela perguntou qual seria a melhor forma de recusar o trabalho de um cliente. Esta pergunta, bastante pertinente, certamente ocorre muitas vezes na cabeça dos freelas, que todos os dias têm de lidar com clientes que fazem propostas pouco interessantes ou que pedem trabalhos em cima da hora, para os quais a única resposta possível é um “não”. Mas antes de darmos esse passo, precisamos de entender que é necessário fazê-lo de uma forma correta, de modo a não transmitirmos uma imagem negativa da nossa personalidade, o que poderia afetar o nosso trabalho a longo prazo.

A primeira coisa que devemos ter em mente é que esse cliente poderá ser-nos útil no futuro. Apesar de no momento aquela proposta não compensar, uma oferta futura poderá ser interessante, e por isso é necessário conservar o cliente, tratando-o de forma correta. Mas antes da resposta negativa, é necessário termos em consideração se esse “não” poderá ser transformado num “sim”. O melhor é fazermos estas questões a nós mesmos:

  • Em vez de dizer não, será possível adiar esse trabalho de forma a realizá-lo no mês seguinte?
  • Poderei delegar esta tarefa, de modo a manter o cliente satisfeito e ainda receber um percentual desse mesmo trabalho?
  • Poderei tentar negociar o preço de forma a tornar este trabalho mais rentável?

É importante, enquanto freelancer, que tentemos contornar a situação e responder de forma positiva. Contudo, existem situações em que isso é praticamente impossível e que a melhor opção é mesmo recusar essa oferta. Mas como referi anteriormente, precisamos de manter uma boa relação com o cliente, para possíveis contatos futuros. Antes de verificarmos algumas situações, aconselho que leia alguns destes artigos para ajudar a lidar melhor com os seus clientes:

recusar trabalho

O TEMPO PARA A CONCLUSÃO DO TRABALHO É DEMASIADO CURTO

O cliente pedir o trabalho “para ontem” uma situação bastante comum. Mas como sabemos, por vezes é impossível inserir esse projeto na nossa lista de tarefas e então acabamos por recusar. Neste gênero de situações, o melhor que podemos fazer é propor uma data posterior. Tente perceber se esta necessidade de concluir o trabalho em poucos dias é geralmente uma necessidade ou se é apenas um capricho do cliente. Fica aqui uma resposta possível:

Sr. Adriano,

Quero agradecer, antes de tudo, a sua proposta. No entanto, é impossível conseguir realizar aquilo que me pretende, apenas porque não consigo concluir o projeto no espaço de tempo que me pede.

Contudo, gostaria de sugerir uma outra data. Poderíamos construir o seu site na próxima semana?

Desta forma, estaremos justificando a nossa opção e sugerindo uma nova data, para que não percamos o cliente.

O CLIENTE É PROBLEMÁTICO

Antes de aceitarmos uma proposta de um cliente, devemos pesquisar por informações sobre ele, caso existam. A melhor forma de o fazermos é falar com outros freelas que já tenham trabalhado com ele. Ao fazermos isto, iremos certamente encontrar situações de clientes pouco interessantes, que geralmente causam problemas a quem pedem trabalhos. Para sair desta situação com uma boa imagem, o melhor a fazermos é procurarmos por outro colega que aceite trabalhar com este cliente. No entanto, devemos ser corretos e avisar essa nossa colega do passado desse cliente e dos problemas que ele poderá levantar. Veja como poderia ser respondida esta oferta:

Sr. Adriano,

Quero agradecer, antes de tudo, a sua proposta. Estive verificando tudo aquilo que me pediu e não me considero a pessoa certa para fazer esse trabalho. Contudo, já falei com a minha colega Maria Vieira e ela mostrou-se disponível para realizar esse projeto. Estaria interessado? Caso pretenda, poderei enviar os contatos dela.

O TRABALHO NÃO VAI DE ENCONTRO AOS SEUS PRINCÍPIOS

Este gênero de ofertas são raras, mas acontecem a todos nós, principalmente para quem trabalha na área do jornalismo ou da fotografia. Suponhamos que você recebe uma oferta para fazer uma reportagem sobre a vida íntima de um político.Podemos considerar isso pouco ético e alegar que não vai de encontro aos nossos objetivos enquanto profissionais. O importante é dizermos que não e seguirmos em frente. Caso seja necessário, deveremos fazer uma reclamação às autoridades competentes. O melhor a fazermos é responder desta forma:

Sr. Adriano,

Infelizmente não poderei realizar esse trabalho por razões pessoais. Caso tenha algum trabalho na mesma área, mas de carisma diferente, poderá voltar a entrar em contato comigo.

O TRABALHO NÃO VAI DE ENCONTRO AOS SEUS OBJETIVOS

Por vezes, recebemos propostas que não se enquadram naquilo que pretendemos para a nossa vida profissional. Dando novamente o exemplo do jornalismo, suponhamos que recebemos uma proposta para fazer uma reportagem sobre tênis. No entanto, somos especialistas em economia e essa esporte não é, de todo, a nossa área. Nestas situações, devemos novamente indicar um colega que consideremos relevante nessa área.

Sr. Adriano,

Quero agradecer, antes de tudo, a sua proposta. Infelizmente, o ténis não é a área do jornalismo em que tenho maiores conhecimentos, pelo que não poderei aceitar a sua proposta. Apesar disso, a minha colega Maria Vieira foi jogadora durante vários e trabalha como jornalista freelancer nessa área. Recomendo vivamente que a contrate para esta reportagem. Pretende que envie os contatos dela?

PEDIR PARA TRABALHAR NUM PROJETO QUE JÁ FOI CONCLUÍDO

Esta situação aconteceu com um amigo meu bem há pouco tempo e também é algo muito comum na vida de um freela. Por vezes, os clientes ficam pedindo constantes alterações no projeto, mesmo que esse mesmo trabalho já tenha sido concluído, pago e entregue. O que fazer nestes casos? O primeiro passo é evitar que este género de situações seja repetitiva. Para isso, devemos explicar logo nos primeiros contatos que, depois da entrega da primeira proposta, o cliente tem um número limitado de dias para fazer as alterações que pretende. Depois disso, será cobrado o valor extra. Desta forma, estaremos protegendo alguns possíveis abusos por parte do cliente, algo muito comum para quem trabalha principalmente como designer ou programador. Vejamos mais um exemplo de como esta situação deve ser comunicada:

Sr. Adriano,

Tal como tínhamos falado nos primeiros emails, o projeto estaria finalizado com a primeira proposta e a partir daí você teria um determinado número de dias para fazer as alterações. Como esse período de tempo já passou, terei de cobrar pelas alterações que pretende. O valor para o que me está pedindo é de 100 reais.

Peço desculpa por esta situação, mas cabe-me a mim trabalhar da forma mais profissional possível, cumprindo tudo o que foi combinado. Caso necessite, poderei encaminhar os emails trocados inicialmente.

CONCLUSÃO

No email, a Raquel Prado me questionou “até que ponto poderia ir o poder de decisão de um freelancer”. Na verdade, o poder de decisão vai até onde o freela quiser. Qualquer profissional tem a possibilidade de recusar uma proposta quando bem entender. Mas a verdade é que não poderemos ser tão lineares. Se por um lado podemos recusar as ofertas que quisermos, por outro, também não devemos aceitar tudo aquilo que é oferecido. Isto porque podemos vir a ter graves problemas no futuro ou então a fugir dos nossos objetivos profissionais.

É importante analisarmos cada situação de uma forma única e tentar evitar o “não”. Caso isso não seja possível, tente sair de forma amigável com o cliente, utilizando os exemplos que dei acima. Lembre-se: devemos sempre pensar a longo prazo. O cliente que não é útil hoje, poderá se-lo amanhã.

E você, como faz quando rejeita a proposta dos seus clientes? Estes gênero de situações acontecem muitas vezes?

Abraço e até já

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