O trabalho de freelancer, como já referi aqui no blog, é bastante solitário. Principalmente se você não tiver uma equipa e for o único motor que impulsiona o seu negócio. Isso significa que você é o grande responsável pela maneira como gere aquilo que faz. Se vai bem, o mérito é todo seu, mas se algo não está bem, você é o único culpado. Esta condicionante faz com que a sua motivação possa andar em altos e baixos, principalmente se você não tiver muita disciplina pessoal. Quando esse momento chega, é determinante que faça algumas questões a si mesmo quando está a trabalhar. São algumas perguntas básicas mas que fazem toda a diferença. Normalmente elas seriam colocadas pelo seu chefe. Mas neste caso, o seu chefe é você e por isso, nada melhor do que fazê-las a si mesmo.
Questionar-se é uma boa forma de saber para onde está a ir o seu negócio e qual é o seu objetivo. Estes pequenos momentos de reflexão, podem ajudá-lo a tomar um rumo. Por vezes, uma pequena pausa na sua produtividade é fundamental para conseguir chegar a um mesmo destino com um número de passos muito menor. Eu chamo-lhe “brainstorming”. São momentos em que a sua cabeça deixa de trabalhar como máquina e passa a ser muito mais humana. Algumas empresas gostam de dedicar algumas horas por semana a isto. Sejam elas para renovar os seus conhecimentos ou para pensar o que poderiam melhorar no seu negócio. Para saber um pouco mais sobre o seu negócio, aconselho que faça uma leitura nestes posts:
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Por que é essencial fazer essas questões?
Quando vem de férias, já deve ter reparado que a sua cabeça veio cheia de novas ideias e novas ambições não é verdade? Essa pausa de uma ou duas semanas ajuda a ver o seu negócio de um modo diferente. Você deixa de vê-lo do ângulo do produtor para passar a ver o lado do cliente. É que quando estamos apenas concentrados em produzir, acabamos por ficar demasiado “por dentro” do negócio e esquecemo-nos que os nossos clientes não vêm o negócio do mesmo modo que nós. Perguntar a amigos ou familiares o que acham do nosso trabalho é uma boa forma de o fazer. Mas nunca terá tanto efeito como se for você a fazer essa análise.
Mas para isso necessita de fazer uma coisa: sair completamente do seu “mundo”. Isto é, conseguir retirar completamente da sua cabeça as rotinas de trabalho e passar a ver o que faz de um modo diferente. Como se os seus olhos estivessem a ver a sua empresa pela primeira vez. Isso não é fácil aviso já. Especialmente se esta já for a sua rotina há vários anos. Quantos mais anos passar a fazer a mesma coisa, mais enraizado estará isso na sua mente. Mas para lhe facilitar a vida, vou dar-lhe dez dicas que deve fazer já hoje a si mesmo. Não perca tempo e faça-as a seguir a este artigo. Vamos conferir quais são.
1. Onde quero chegar?
É determinante o seu negócio ter uma bússola. Saber onde quer estar no próximo mês, um ano ou cinco anos é fundamental para se manter motivado e saber os caminhos que deve percorrer. Existem livros afirmando que não se deve planear, visto que isso o mundo muda muito rápido e que é impossível conseguirmos prever onde vamos estar dentro de um ano. Por um lado concordo. Quando escolher um rumo e disser onde quer estar dentro de um ano, o mais provável é que erre a sua previsão. Ora, mas o meu objetivo com isto tudo não é esse. Como já referi, apesar de poder acertar, o mais provável é que erre.
Então, mas porque motivo iria pedir para planear algo que quase de certeza vai falhar? Ao responder a esta questão, estará a ter uma noção de onde quer chegar. Se acerta no alvo em cheio ou não, isso já é uma questão diferente. Mas apenas o simples fato de já ter uma noção é dez vezes melhor do que não ter nada. Pode até escrever isso no papel e rasgá-lo a seguir. A sua ideia ficou na cabeça, é o que interessa.
2. O que devo fazer para atingir o meu objetivo?
Alguns freelancers dizem que querem estar com mais “100 clientes até ao final do ano” ou “melhorar a sua produtividade”. Ok. Mas como? É o mesmo que você sair de casa e definir que quer ir para o Rio de Janeiro. Tem um destino, mas como faz para chegar lá? Em que estradas precisa ir? Vai sempre de carro ou pega um avião? As mesmas questões você deve fazer no seu negócio. Defina uma meta mas saiba como vai chegar lá.
3. Estou sendo produtivo?
Por vezes saio do jornal e tenha a sensação que não escrevi nada. Que as minhas horas foram passadas em vão. Contudo, senti-me o tempo todo ocupado. Mas o “sumo” final soube-me a pouco. Com certeza isso também acontece no seu trabalho enquanto freelancer. Sente que passou o dia todo a fazer muito mas no final o trabalho físico produzido é muito pouco. Quando assim for, pare um pouco para refletir como foi o seu dia. Agarre num papel e escreva as tarefas que realizou. Isso ajudará a fazer uma retrospectiva. Depois é só fazer a análise.
O primeiro passo será não se assustar. Digo-lhe que existem dias que foram feitos para não produzir. Isto é, se passou o dia em contato com clientes, a trocar emails ou a rever projetos, é normal que o trabalho físico não apareça. Você trabalho na gestão do seu negócio. Nesses dias não se preocupe, pois se realmente foi efetivo, com certeza amanhã deverá ter muito trabalho. Já se passou muito tempo em redes sociais ou a mandar mensagens do celular, aí sim, deve-se preocupar e muito…
4. Por que ninguém compra o meu produto?
No outro dia falei com um empresário que tinha fechado o seu negócio. A primeira coisa que ele fez foi culpar os seus clientes (imagine!) por o negócio não ter dado certo. Afirmava que eles não percebiam a verdadeira importância do seu serviço e que era ingratas. Ora, vejamos bem. Se realmente aquele serviço fosse tão valioso como ele diz, será que não teria conseguido, pelo menos, se manter no mercado? Começar a culpar o cliente é uma maneira muito fácil de retirar as culpas de cima de nós. Mas não é mais que isso. Na verdade o seu produto teve razões para não ser muito comprado. Os seus clientes sabem-no. Você é que não.
5. Os clientes sabem que eu existo?
Eu posso ter o melhor produto do mundo, mas se ninguém sabe que eu existo, de que me vale? Eu necessito de clientes para continuar a sobreviver no mercado. Se você tem plena confiança no que faz e se os poucos compradores que tem falam muito bem daquilo que você produz, talvez você esteja a se descuidar no marketing do seu negócio.Quando isso acontece, invista em publicidade ou então comece a criar uma comunidade em torno do seu negócio.
6. Vou realmente ajudar alguém?
Um produto ou serviço que não altere a vida ninguém não o deve ser considerado como tal. Até o entretenimento altera a vida das pessoas, ajudando-as a ser mais felizes. Ora, o que você faz também deve estar a alterar a vida de alguém. Ao escrever este artigo, estou a tentar que você faça algumas questões no seu negócio, de modo a melhorar. Estou a tentar ajudá-lo. Se eu viesse para aqui falar sobre a minha vida pessoal, com certeza ninguém se interessaria. Portanto, quando começar o seu negócio, pense se está a mudar a vida de alguém. Quanto mais for eficaz nesse campo mais sucesso terá.
7. Estarei a dar o meu melhor?
Esta questão deve ser respondida especialmente pelas pessoas que estão à mais tempo na área de trabalho. Isto porque com o passar do ano acabam por se “encostar”, dando prioridades a outras coisas em vez do trabalho. Talvez eu compreenda isso quando lá chegar, mas a verdade é que neste momento não o consigo aceitar. Ou seja, quando estiver no trabalho dê o seu melhor. Quando estiver com a sua família, dê o seu melhor. Quando estiver com os amigos..Acho que já percebeu a ideia. E ter tempo para outras coisas, significa dar o seu melhor no trabalho para que depois vá de consciência tranquila quando sair do trabalho. Por isso, se começar a ter a sensação de que não está a dar o seu melhor, pense nos seus primeiros anos do seu projeto e recorde como era.
8. Se hoje fosse o meu último dia, era isso que eu faria?
Eu não acredito que se estivesse à beira da morte, a minha vontade fosse escrever este artigo. Talvez não o fosse. Mas sem dúvida que seria umas das coisas que eu mais gostaria de fazer. Isto porque adoro escrever para este blog. E é esta motivação que quero que tenha enquanto freelancer. “Se hoje fosse o seu último dia de vida, era isto que faria?”. Responda a esta pergunta quando se olhar ao espelho logo pela manhã. Se a sua resposta for sim. Pelo contrário, se responder negativamente e não esteja dentro das suas primeiras opções, talvez seja melhor começar a trocar de ocupação.
9. Estou a inovar?
O seu projeto ter sucesso hoje não significa que ele o tenha amanhã. O mundo muda demasiado rápido para, nos dias que correm, termos lugar cativo no mundo dos negócios. Para que não fique para trás precisa de se inovar. De estar por dentro das novas tecnologias e saber o que os seus concorrentes fazem de melhor. Se está com a sensação de que o que faz está a ficar obsoleto, faça esta questão. Quem não inova fica para trás.
10. Eu compraria isso?
Quando escrevo um artigo, tenho o cuidado de pensar se eu mesmo seria capaz de o ler até ao fim ou se o assunto seria suficientemente chamativo. Se eu não pensar isso sobre um texto, mais vale não escrevê-lo e procurar outro assunto. Fazer por fazer não vale a pena. Fazer esta questão ajuda-o a ser um trabalhador mais exigente consigo mesmo. Impede-o de relaxar e produzir apenas porque deve fazê-lo. Lembre-se: tem que ser o melhor naquilo que faz. E se você não comprava o seu produto, porque havia o seu cliente de o fazer?
Tem se questionado com frequência?
Parar um pouco para pensar no que estamos a fazer vale mais do que várias horas de produção. Estar constantemente a apagar fogos não é bom para si, nem para o seu negócio. Funcionará como um rato naquelas rodas gigantes em que eles por mais rápido que corram, vão continuar no mesmo lugar. Isso leva à desmotivação. Fazer questões vão fazê-lo avançar. Por vezes as respostas doem, mas como diz o ditado “sem dor não há evolução”.
E o leitor, tem feito as perguntas certas para o seu negócio? Que respostas tem obtido?
Abraço e até já!